Quem sou eu

Minha foto
Nasci em Pres. Prudente, me formei em jornalismo pela Unesp de Bauru. Morei quatro anos nos Estados Unidos, onde estudei Inglês na Rutgers University of Newark - New Jersey. Completei 20 anos de carreira trabalhando nas redações das TV's Bandeirantes, SBT, Record e afiliadas da Rede Globo. A maior parte do tempo como repórter. Também dei aula de redação jornalística na Universidade Federal de Mato Grosso - Cuiabá. Fui editora de texto por 5 anos na TV TEM de São José do Rio Preto. Atualmente trabalho na Secretaria do Meio Ambiente. Tenho um interesse profundo pela poesia. Na fila para edição estão um livro de poesias e um infantil. O poema "Dilata" postado nesse Blog foi pra fase regional do Mapa Cultural Paulista. O romance "A queda da Manga" foi uma das quatro obras selecionadas pelo 'Concurso Nelson Seixas' de fomento à Cultura de Rio Preto. Gosto de gente simples, verdadeira. Do mesmo jeito que curto interagir com as pessoas, também fico muito bem sozinha.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Observação

O mesmo ar que faz viver
Também pode sufocar
Então fico na espreita
Pra aprender lições de voar...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Da mãe

Minha mãe me deu seu peito
E por um tempo
Mamei ritmada
Às batidas de seu coração

Minha  mãe me deu seu peito
E sua emoção
E por um bom tempo
Tive meu coração
Compassado ao seu

Não sabia
Mas quando tudo se calava
Eu me acalmava
E mamava

Sob aquela sintonia materna
Sob aquela sinfonia de pequenos tambores
Que incessantes ecoam hoje
Em meu peito
Leito

Horizonte

Amor
Por dos sonhos
E do sol
Prá de manhã
Nascer de novo
O mesmo sol
Um novo ovo

domingo, 12 de dezembro de 2010

Lambança

Seu sorriso não se cansa? Ser adulto ou ser criança? Muita guerra, pouca lança? Ora berra, ora é mansa? Come até encher a pança? 
Tenta ir, mas não avança?
Se te enganam, faz lambança? Se vai preso, tem fiança? Me ensina essa dança?

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Único

Você é uma espécie de música, que carrega o desajuste das horas e tem um som inventado. Espalha gargalhadas no vento e traz no olhar um beijo roubado... Você é flor daqueles matinhos de beira de estrada, que nasce de novo depois de podada.  É sopro, é voo, desprendimento e liberdade. Por ser como é, levanta pipas e excita os pássaros. Ao que vejo em você, posso chamar alegria...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Mulher


No toque sutil
Dos anos brutos
Frutos...

História de dois

Ela e ele
Eram elos
Dois em um
Um em dois
Agora um
Matou o outo
Ela era
Ele era
Elos eram
Eros era
Erros eram

Simplesmente

Te vejo forte, te vejo gente
Te vejo sempre,

na calmaria ou
 na inquietude, sem nuvem nem muro. Te vejo um homem de coração puro...

sábado, 4 de dezembro de 2010

Fatal

Olhou-se no espelho
Refletido em seu riso
Vestido fino, seda pura
Viu rugas no rosto
Alguns cabelos  brancos
Passou levemente as mãos sobre eles
Fixou lembranças do passado
E num lindo penteado que fez
Jogou purpurinas
Pintou os olhos, o rosto
Cobriu as rugas com bases
Passou blush na palidez contida
Cobriu os lábios de vermelho fogo
Retocou os cílios com postiços
Sensualizou as pernas com meias finas
Abriu o porta-jóias empoeirado
Colocou brilhantes e diamantes
De amantes
Lembrou-se do passado
Gargalhou
E num riso nervoso chorou
Lembrou-se dos homens
Que a amaram
E dos que ela um dia amou
Enxugou a lágrima
Pra não diluir o disfarce
Colocou os saltos mais altos possíveis
Embebeu as mágoas
Na borrifada de um perfume francês
Era madrugada
Dentro e fora dela
Olhou-se novamente no espelho
Que refletira durante toda a noite
A angústia
Sentiu-se só
Olhou para a cama e para o berço
Matou o marido e o filho
Saiu pela rua
Linda brilhante
Dançando no silêncio agonizante
Como se houvesse música

Das atividades do sol

A laranjeira amarelou seus frutos. Corre no quintal uma criança corada. O suor de alguém colocou o pão na mesa. Um coração triste achou graça no dia. Os medos foram enfraquecidos. O egoísta se rendeu ao coletivo. Da terra infértil brotou uma muda. Os sonhos foram em revoada pro horizonte...

Desastrada

Tenho pés e mãos grandes
Por isso quebro e derrubo coisas
Tento embora não saibas
Leveza em meus movimentos
Mas ocupo espaço e me atrapalho

Copos e cristais me abominam
Xícaras e garrafas
Tremem quando estou por perto
Então aturdida e embaraçada
Tento evitar os estragos

Tentativas tantas vezes inútil
Oh, santa atrapalhada!
Então me xingo, amaldiçoo
Fico pensando na família
Prá quem é que eu puxei

Mas meio a cacos e barulhos
O meu coração desembrulho
E ganho o equilíbrio entre duas forças, amiúde:
A que está no cristal da minha poesia
E a que vem do fio da minha inquietude

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Camelô de idéias

Admiro todo aquele
Que consegue transpor
As barreiras da ignorância
Para divulgar idéias

Mas o mercado de idéias
Não é tão valorizado
Quanto a última linha de automóveis
Que mesmo custando fortunas
São mais vendáveis que a poesia

As pessoas insistem em viver
Na casca oca das aparências
Realizando viagens
Que vão daqui alí

Sobre quatro rodas
Seguem todos os sonhos
Da conquista do ter
Esmagando a simplicidade
E a importância do ser

Sou um camelô de idéias
Mas vendo-as com menos persuasão
Que os textos comerciais
Da última linha de automóveis

Porque a natureza da poesia
É tocar alguém
E não convencer alguém
É tocar quem tente a proeza
De dirigir a própria vida

Antagônico

Seu conto de fadas
Meu escudo de facas
Seu brilho em mil faces
Meu trilho de fases
Seu mundo de farsas
Meu pulso de faros
Sua fantasia
Minha ironia

Seu brinquedo
Meu medo

Espera

Tenho tudo pronto pra te ver, a adrenalina, o cansaço de meu corpo, 
meus olhos fundos e uma tristeza fosca.
Tenho um mundo reconstruído em cenas de cimentos antigos, restaurado daquela velha ânsia, chama... Não poderia ser mais feliz! É pó de começo de reconstrução, é pó de anos sobre a cômoda...cômoda. Incomoda em meu peito e relapso é o desejo. E o que vem a ser a espera? Não sei, não sei...Como é canalha a tristeza que é feliz...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Papéis

Preciso vencer a fatalidade da
morte, a brutalidade do corte,  a dualidade da sorte. Marias e Joanas caminham alienadas. Disseram pra João que ele não é um cidadão. Margarete não quer ser marionete! Para Paulo seremos todos manipulados... Pedro irá resistir como pedra. Os "ismos" e os "istas" dizem que se importam. Os "óides" pensam saber. Estereótipos! 
Quando e onde humanidade? Quando e onde liberdade?

Nosso amor

Flora, flor feito fada, felina fragância fêmea, feto forte, fruto fértil, fonte fecunda, fina flor faz feitiço, ferve flutua, fuça fura finca faca fundo, flauta, furacão, forma fluorescente, ficção fugida, fogueira fugaz fluindo, folhagens fazendo festa...



sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Reforma


Derrubarei esta casa
Telhas tijolos pedras
Portas janelas pisos
Vou derrubar lanças
Punhais, proteção
Danificar
Tudo o que se ergueu do não
Espalhar os farelos no chão
Do pão que deixamos sobrar
Deixar entrar ar
Respirar
Sol entrar
Chega de necessidade e precariedade
É preciso reformar esta casa
Como é preciso comer
A solução é o prato
A condição é a comida

Tempo


O tempo que amadurece

É o mesmo que deteriora

A nós cabe a arte

De reconhecer a hora

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Click


A temporalidade

É assassina

Uma núvem

É mais nada

Em segundos

Com o vento

Descrição de um dia cinza


Uma faca
Cortou minha cara
Uma traça
Atravessou minha sala
Minha vida
Movida à bala
Ao susto
No lixo
Queria somente
É ter a paz de um bicho

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Quadro

Estamos expostos à tela-mundo,
somos a tinta e o borrão, o belo esfacelado, em conceitos de sim e não.
Em vez de anseios de mudanças, pedras.
Em vez de amor, regras. Em vez de pincel, facão. Estamos expostos à tela-mundo, que determina quem é a dama
e quem é o vagabundo. Com uma cor que definiram, com uma estética que impuseram. Emoldurados!

Imagem

Hoje tentei desenhar-te,
e frustante, não consegui. Talvez porque não conheço, os traços precisos de um pássaro...

Conflito estético

Ainda não decidi
Qual linguagem mais amo
A jornalística
Ou a literária
Minhas matérias parecem ficcionadas
Minhas poesias factuais
Me perdi na extensão
da palavra
Na educação da palavra

Vendaval

Não suportaria mais
A dor
Nem a sombra
De árvores tranquilas

Não suportaria mais
A calma do cais
É vendaval
Tempestade no mar

Eu te amo
Eu te amo

Questões

Do que é feita a mentira das horas?
Do que vai ficando nosso ser vestido? O que emenda um coração partido? Qual o caminho da ruga mais funda? Como estancar o choro que inunda? Junto as perguntas ao pó letárgico da cômoda. Rabisco o cansaço do seu nome. 
As baratas nesta hora batem palmas. -Alimento em putrefação! Melados detritos de solidão!!!

Reflexão

Se as palavras são aparências

Como vou descrever a essência

Que despida, ainda,

Inspira em palavras, a poesia,

Minha verdade mais pura?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Literal

Ela me contou
que a quimioterapia
havia secado sua lágrima...
Ao ouvir o drama
engoli o choro
e lhe dei o abraço mais firme
que podia dar.
Às vezes a vida é tão árida,
que não permite metáforas.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

De platônico a gastronômico

Te desejava calada, hoje delato o amor. De platônico a gastronômico. Em meu pensamento te amasso, em fino purê te desfaço, 
mastigo seu corpo, lambuzo minha alma, pimenta no toque, refresco nos olhos, desejo que acalma. Mas em dias tensos, ausência é tortura, com beijos pretensos, faço fritura. Depois te cozinho, te pico e trituro. Um dente de alho, olho por olho, até virar molho, que sobre mim jogo, marcando o sabor. Me dou renovada e destemperada, alimento o amor...
Luciana Crepaldi

Por um fio


Faço de contas
Que não perdi o chão
Realizo meticulosamente
As tarefas diárias
Cá dentro
Ironicamente
Um abismo se sustenta
Nas bases da minha inquietude

sábado, 30 de outubro de 2010

Descoberta



Ele acreditava que as respostas ficavam num eixo localizado entre a latitude e a longitude da alma e que por isso a vida estava desvendada. Engano. Havia respostas caleidoscópicas, hemisférios obscuros, vértices trêmulos, verdades mutantes, oxítonas tímidas, tormentas escondidas, pêndulos confusos, posturas flácidas. Quando a profundidade escancarava seus tentáculos, ele desejava a superfície. Inútil. Havia perguntas empilhadas, dúvidas maltrapilhas, cúpulas dissimuladas, âmagos vazios, intenções mutiladas, murmúrio de caminhos, rótulos oportunistas, nenhuma pista. Ele desejava a brisa, mas foi sugado pela ventania. Era nela que estava a linguagem do vento, que nasceu pra mudar tudo de lugar. Era fato. Quando sucumbiu, ele a tudo descobriu.

sábado, 23 de outubro de 2010

A morte em seis segmentos

Segmento Primeiro

Já morri tantas vezes
Em épocas da minha vida
E não me é estranha a sensação de ir
Me são íntimas a equidistância e a ausência
A morte cuida de mim, protege, quer me levar
Me olha de noite e de dia
E mostra que quer companhia
As vezes sinto necessidade de morrer um pouco
E me entregar aos caprichos dela
Não resistirei sempre
Ela me ensina lição simples
Que parece já ser sabida
Abrir e fechar a janela
A cada etapa vivida

Segmento Segundo

Dos sentimentos que causam a morte
Um é o que mais me emudece:
-O do quarto escuro
A morte vem quando apago a luz
E senta-se a meu lado
No banco de minha escrivaninha
Olha cada objeto como a ver brinquedos
Revela mistérios pelas luvas
Que envolvem seus gélidos os dedos
Não faz ruídos
Pois é silenciosa e carente
Ela quer ser minha amiga
Me pergunta o que é ser gente

Segmento Terceiro

Em meu quarto
Há apenas quatro objetos
Um quadro pintado por mim
Uma caneta
Um caderno de anotações
E uma luminária
Noite passada não havia vento
E estranho fato aconteceu
O quadro balançou na parede
A caneta rolou ao chão
O caderno virou as folhas
Como que a bater asas
A luminária misteriosamente desligou-se
Não são sutis os movimentos da morte
Sumiu me deixando a pergunta
-Estar vivo é alguma sorte?
Fui tomar um copo d'água na cozinha

Segmento Quarto

De certa forma
Minha solidão me basta
E não preciso de outra
Prá me trazer angústias e vantagens
De certa forma
Minha dor me afasta
De rituais da vida gasta
Que as vezes chego a rir sozinha
Não sei porque motivo
Desse riso a morte gosta
Me seduz e me enrosca
Quer minh'alma
Quer que eu cante
Diz que é a minha amante

Segmento Quinto

A morte nunca morre
As pessoas sim
A morte tem ciúme de mim
Põe enigmas na janela
Me ensina a conviver com ela
As vezes me ama outras me odeia
As vezes a amo outras a odeio
Em meu ouvido sussurra:
-Vida é fim, início ou meio?
Aprisiona a sobriedade
Tranca as portas, joga as chaves
Me promete liberdade

Segmento Sexto

Angústia e euforia
Novamente o sopro dela
O pó da cômoda é purpurina
Na fresta da janela
Há borboletas
Que cansaram de se debater
Por um pouco de ar
A morte me chama prá dançar
Rodopia, faz-me rir
Depois de mim
Quem ela virá seduzir?
A quem entrelaçará seus dedos
Arrancando pavores e medos?
Sobre quem recitará seu mantra mais profundo?
-Viver o infinito, morrer prá esse mundo?

Invertida

Quando tenho tempo
Não tenho paciência
Quando tenho paciência
Não tenho tempo
Angústias humanas
Invertem o foco
Será possível
Inquietude e sossego?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Papo sério

Meu Deus, meu Deus
Dê-me logo a chave certa!
Não há razão de existir a uma porta,
Senão para ser aberta!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Tempestade

Atravessei a tempestade dirigindo velozmente até alcançar o estacionamento do supermercado em que você comprava. Eu estava decidida, mesmo que de mãos vazias e você cheio de sacolas. Eu abri a porta do carro e disse:-entra! Fazia tempo que seus olhos não abriam janelas, fazia tempo que nossa boca havia deixado de ser morango. O movimento lá fora era do mundo e seus afazeres, um dilúvio abominado por quem só via a chuva como estorvo. Dentro do carro
era moldura a tempestade. Como num quadro nós, os olhos, minhas mãos vazias e suas sacolas. Uma oferta de angústias em cada etiqueta com preço.
Havia um frango resfriado que cheirava sua vida em outras mãos. Alguém o esperava pro jantar picando dentes de alho. Nosso calor embaçava os vidros,
criando uma falsa sensação de
privacidade.  Nossa comunicação:
o silêncio.  Bem a frente,  o filme da nossa vida e o fim entalado na garganta, no parabrisas molhado, no parabrisas chorado. Estava alí, infinita como as gotas de chuva, uma história torrencial,
que de tanto amor escorreu, que de tanto amor se perdeu...

Descrição

Ela fazia amigos
Como lírios encantam jardins
E brotava dourada
Em cada fração amanhecida

Ela transformava histórias
E desafiava a dor
Interpretava o tempo
E seus segredos de multiplicação

A vida era difícil
Mas ela seguia firme
Diluindo o instante
Enfeitando o incerto
Longe dentro ou perto

Dava sorrisos a quem sofria
Era  feita de carne e osso
E de magia que florescia

Afiada

Se eu pudesse transformar
Poesia em sabedoria
Nos seus olhos olharia
E como beata descrente
Discursaria oração fria

Quem sabe a indiferença
O preço da descrença
Tocasse hoje e sempre
Seu peito intransigente

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Lições

A você que quebrou o vaso preferido
De sua mãe na infância
E levou um susto
Não se preocupe
Há lições inteiras
Que se aprende com os cacos...

Presente

Quando eu era criança queria ganhar uma bicicleta de natal, mas meus 8 irmãos também queriam e não havia dinheiro. Pra não passar em branco minha mãe me deu uns potinhos de tinta guache. Pintei uma borboleta bem colorida e senti uma sensação de voar.
Minha mãe não sabe, mas me deu o arco-íris...

Segredinho

Se eu tivesse a chance
De voltar no tempo
E falar com a criança que eu fui
Olharia bem nos meus olhos
E sopraria nos meus ouvidos:
-Ei, vai brincar!
Ainda dá tempo...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

In (esperado)

Não espere
Que o desejável apareça
O desejo tem suas birras
Quando queremos que o inesperado aconteça...

sábado, 2 de outubro de 2010

Seus 13 anos

Queria que nascesse com saúde
E você veio saudável, linda, inteligente e sensível

Quando bebê eu desejava que crescesse logo e falasse comigo
Você dominou o discurso e se tornou minha maior companheira

Queria que me beijasse todos os dias
Você não só me encheu de beijos durante esses 13 anos
Como me cobriu com abraços apertados

Pedi a Deus que  te merecesse sempre e que gostasse de mim
E você me fez sentir a pessoa mais amada do mundo

Diante do excesso de trabalho e correria
Queria esticar o tempo com você a cada instante
Em vez de me culpar pela ausência
Me fez sentir importante

Você me deu tudo o que eu queria
E o que não imaginava que existia

Mal acostumada que fiquei
A cada gesto a cada dia
Farei último pedido:
Viver a seu lado
Até morrer dessa alegria

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Simone

O sim
Está em seu nome
Com você
Não há desperdício
Nem fome

Sua fala
Nunca ilude
Em seus gestos certeiros
Preciosa atitude

Se enxerga, mostra
Se vê sofrimento, cuida
Se a dor assim mesmo
Não muda
Reiventa um jeito
De dar sua ajuda

Por isso
Ao te decifrar
Nada me intriga
Você sabe o que é
Ser grande amiga

E por ser desse jeito
Virei sua fã
Simone querida
Minha alma irmã

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Relógio

Envelhecido
Não se cansa
Marca chance
Desafio
Vida e dor
É o que ele conta

Espalha seus minutos
Como uma mãe
De incontáveis filhos
Na sala vazia
Enche todos os espaços
Tiquetaqueando

E uma matemática precisa
Ganha proporção
Lógico o relógio
Vai registrando
O sim e o não

Ao peso
De cada segundo
O eixo veloz suspende
O ponteiro preguiçoso
Das horas
Que feito mágica
Avança

Sob seus efeitos
Estão em fila
Todos os mortais

Pela janela
O tempo
Nem tão bom
Nem tão agressivo
Mira a flor
Que dentro de instantes
Morrerá

Fantoches

Fantoches
São sábios de pano

Pulam
Saltitam
Fazem até caretas
Nos dias de atividade

Se contentam em ter como corpo
Uma única mão
E como casa
Uma janelinha aberta

Depois repousam murchos
Nas prateleiras da escola
Moles, inativos
Como se jamais tivessem sido vivos

Mas em segredo
No mundo imaginário
Se alimentam dos sorrisos
Que levaram pro armário

Lei do mais forte

Da raposa, sou o medo 
da galinha. Da galinha sou a fome
da raposa. Dialética. O mais forte, o mais fraco, morte! A síntese é o resumo cozido da luta, ironia da vida, um prato de comida.
A raposa, a galinha, o medo, a fome.
O saciar  pela dor do outro...

Sina

É sempre a mesma sina, a mesma cena,
uma centena de vezes, uma sentença de morte. É sempre o mesmo sino que avisa o menino que a mãe partiu, na mesma esquina que uma moça pariu. Parece um palco! Mentirosos acenam para o povo e seguem matando pela cor. Alguém assina essa sina assassina. E de tão  oficial esse tormento, a morte parece um documento.

domingo, 26 de setembro de 2010

sexta-feira, 24 de setembro de 2010