Quem sou eu

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Nasci em Pres. Prudente, me formei em jornalismo pela Unesp de Bauru. Morei quatro anos nos Estados Unidos, onde estudei Inglês na Rutgers University of Newark - New Jersey. Completei 20 anos de carreira trabalhando nas redações das TV's Bandeirantes, SBT, Record e afiliadas da Rede Globo. A maior parte do tempo como repórter. Também dei aula de redação jornalística na Universidade Federal de Mato Grosso - Cuiabá. Fui editora de texto por 5 anos na TV TEM de São José do Rio Preto. Atualmente trabalho na Secretaria do Meio Ambiente. Tenho um interesse profundo pela poesia. Na fila para edição estão um livro de poesias e um infantil. O poema "Dilata" postado nesse Blog foi pra fase regional do Mapa Cultural Paulista. O romance "A queda da Manga" foi uma das quatro obras selecionadas pelo 'Concurso Nelson Seixas' de fomento à Cultura de Rio Preto. Gosto de gente simples, verdadeira. Do mesmo jeito que curto interagir com as pessoas, também fico muito bem sozinha.

sábado, 23 de outubro de 2010

A morte em seis segmentos

Segmento Primeiro

Já morri tantas vezes
Em épocas da minha vida
E não me é estranha a sensação de ir
Me são íntimas a equidistância e a ausência
A morte cuida de mim, protege, quer me levar
Me olha de noite e de dia
E mostra que quer companhia
As vezes sinto necessidade de morrer um pouco
E me entregar aos caprichos dela
Não resistirei sempre
Ela me ensina lição simples
Que parece já ser sabida
Abrir e fechar a janela
A cada etapa vivida

Segmento Segundo

Dos sentimentos que causam a morte
Um é o que mais me emudece:
-O do quarto escuro
A morte vem quando apago a luz
E senta-se a meu lado
No banco de minha escrivaninha
Olha cada objeto como a ver brinquedos
Revela mistérios pelas luvas
Que envolvem seus gélidos os dedos
Não faz ruídos
Pois é silenciosa e carente
Ela quer ser minha amiga
Me pergunta o que é ser gente

Segmento Terceiro

Em meu quarto
Há apenas quatro objetos
Um quadro pintado por mim
Uma caneta
Um caderno de anotações
E uma luminária
Noite passada não havia vento
E estranho fato aconteceu
O quadro balançou na parede
A caneta rolou ao chão
O caderno virou as folhas
Como que a bater asas
A luminária misteriosamente desligou-se
Não são sutis os movimentos da morte
Sumiu me deixando a pergunta
-Estar vivo é alguma sorte?
Fui tomar um copo d'água na cozinha

Segmento Quarto

De certa forma
Minha solidão me basta
E não preciso de outra
Prá me trazer angústias e vantagens
De certa forma
Minha dor me afasta
De rituais da vida gasta
Que as vezes chego a rir sozinha
Não sei porque motivo
Desse riso a morte gosta
Me seduz e me enrosca
Quer minh'alma
Quer que eu cante
Diz que é a minha amante

Segmento Quinto

A morte nunca morre
As pessoas sim
A morte tem ciúme de mim
Põe enigmas na janela
Me ensina a conviver com ela
As vezes me ama outras me odeia
As vezes a amo outras a odeio
Em meu ouvido sussurra:
-Vida é fim, início ou meio?
Aprisiona a sobriedade
Tranca as portas, joga as chaves
Me promete liberdade

Segmento Sexto

Angústia e euforia
Novamente o sopro dela
O pó da cômoda é purpurina
Na fresta da janela
Há borboletas
Que cansaram de se debater
Por um pouco de ar
A morte me chama prá dançar
Rodopia, faz-me rir
Depois de mim
Quem ela virá seduzir?
A quem entrelaçará seus dedos
Arrancando pavores e medos?
Sobre quem recitará seu mantra mais profundo?
-Viver o infinito, morrer prá esse mundo?

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